terça-feira, 4 de novembro de 2014

Reflexões Sociológicas 7

Dicas de Audiovisuais


Com intuito de ampliar a discussão sobre temas relacionados ao ensino da Sociologia, estou compartilhando alguns links de videoconferências / palestras realizadas pela Equipe Curricular de Sociologia da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica/CGEB da Secretaria de Estado da Educação/SEESP,  na qual faço parte.

Os links  estão disponíveis na videoteca da Rede do Saber e deve ser utilizado o internet explorer para acessá-los:


Marcadores Sociais da Diferença: Gênero

A influência cultural na adaptação do corpo humano O corpo humano é moldado pela cultura. Nesse primeiro bloco, a Profª Drª Heloísa Buarque de Almeida, procura evidenciar as limitações que a visão naturalizante sobre o corpo humano possui. Ainda que haja fatores fisiológicos comuns a todos os seres vivos, os seres humanos perpassam por todo um aprendizado cultural – a socialização – para apreender as diversas formas de manifestar suas necessidades básicas. Assim, desde fatores mais básicos, como comer e nadar, até a forma como nos relacionamos uns com os outros são frutos daquilo que apreendemos a partir da cultura sob a qual estamos imbuídos."

O Comportamento é denominado por fatores genéticos (o surgimento do conceito de gênero através da medicina) “Ser mulher ou ser homem varia em cada cultura, varia ao longo da história, varia de acordo com a classe social, varia de acordo com outras coisas: idade, religião, região onde mora [...]”. Nesse bloco a Profª Heloísa expõe a partir de um estudo de Margaret Mead, publicado em “Sexo e temperamento”, como até mesmo os conceitos de adolescência são construídos socialmente, bem como desnaturaliza os comportamentos vistos como tipicamente masculinos e femininos. Ao relativizar tais comportamentos a partir de dados empíricos de outras culturas, problematiza a própria noção de masculinidade e feminilidade."

Diferentes representações do gênero feminino determinadas pela sociedade Como o gênero é aprendido em nossas vidas vividas? As instituições sociais que influenciam na “moldagem” dos papéis sociais, das brincadeiras até às normas legais sofremos as suas influências e elas demarcam os papéis sociais que tanto homem quanto mulheres desempenham na sociedade. A Profª Heloísa aborda em específico a forma como a medicina tratou, ao longo da história, as questões relacionadas ao gênero."

Processos históricos, sociais e políticos como determinantes de diferenças raciais Na última parte de sua exposição, a Profª Heloísa demonstra como as ideias baseadas em termos de raça e gênero são formas, que no âmbito da sociedade, criam hierarquias sociais. Gênero é uma forma de classificar o mundo. Há espaços pensados em termos de gênero: como o espaço doméstico, que é considerado um espaço feminino e o bar, que é pensado como um espaço predominantemente masculino. A reflexão crítica trazida pela teoria de gênero, portanto, permite pensar que, “se a desigualdade não é natural, há possibilidades de transformações, não é universal e nem fixa, mas produto cultural, histórico, social.”

Interação da plateia Questões discutidas: • A importância das discussões de gênero na educação; • As questões de gênero e a constituição de nossas identidades, no espaço público e no espaço privado (doméstico); • Gênero e política: a visibilidade, as lutas e as reivindicações dos movimentos sociais, como as feministas, LGBT, etc; • As manifestações de preconceito e intolerância no âmbito do espaço escolar."

Interação da plateia Questões discutidas: • O papel da universidade para promover o debate mais amplo das questões de gênero; • Identidade de gênero e orientação sexual; • A ampliação do repertório das temáticas de gênero na escola;"

Curta metragem ""Hoje eu não quero voltar sozinho"" Direção: Daniel Ribeiro"


O Conceito de Cultura no currículo de Sociologia


Sociedade Midiática e Culturas Juvenis

Metodologia de Ensino em Sociologia



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Reflexões Sociológicas 6

Considerações importantes sobre o pensamento de Paulo Freire





Para ampliarmos a discussão em torno das bases teóricas da pedagogia crítica, torna-se imprescindível analisar com profundidade o pensamento de Paulo Freire. Este autor elabora parâmetros importantes para que o processo educacional seja tratado em uma dimensão política.  Destacamos aqui aspectos importantes na leitura dos seguintes livros: Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Autonomia - saberes necessários à prática educativa.
Estas obras do mais conhecido autor brasileiro na área de Educação é de grande importância para pensar um paradigma educacional que possa trazer mudança social. Pode-se destacar que a partir da ideia de um ser inconcluso, Freire aborda e dimensiona qual o papel do educador na construção de um conhecimento que possa elevar os indivíduos à condição de sujeitos, rompendo com a situação de passividade durante o processo de ensino-aprendizagem. Para Freire, ensinar exige rigorosidade metódica, que na visão deste autor pode ser entendida como:

“trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se “aproximar” dos objetos cognoscíveis. E esta rigorosidade metódica não tem nada que ver com o discurso “bancário” meramente transferidor do perfil do objeto ou do conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível. E essas condições implicam ou exigem a presença de educadores e de educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes.” (FREIRE, 1996, 13).

                   É importante ressaltar que para que uma educação que leve à autonomia se efetive, deve-se sempre partir do princípio de saber escutar os educandos, tornando-os protagonistas de seu processo educativo.  Para que uma prática educativa ganhe significado, constata-se a necessidade da sala de aula torna-se um ambiente democrático, com estímulo à participação coletiva, pois “o educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão.” (FREIRE, 1996 p.13).
Para o professor, não há docência sem discência. Esta expressão pode ser entendida no contexto de formação dos educadores; que precisam estar sempre em processo de aprendizado, tendo a pesquisa como elemento importante. O educador deve entender a educação como uma prática libertadora. Não deve permitir que a escola permaneça como um espaço para a mera transferência de conhecimento, na tradição bancária do ensino. Para esclarecer isso Freire afirma que:

Faz parte das condições em que aprender criticamente é possível a pressuposição por parte dos educandos de que o educador já teve ou continua tendo experiência da produção de certos saberes e que estes não podem a eles, os educandos, ser simplesmente transferidos. Pelo contrário, nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo. (FREIRE, p. 13)

Assim, o respeito aos educando torna-se fundamental. A esperança que exige ação; uma busca de propósitos e significados para o ensino; práticas dotadas de sentido; um ambiente permita ao aluno ser mais. Destaca-se aqui com bastante ênfase, o papel da educação em uma escola que respeita a realidade dos educandos, com alta prioridade na dialogicidade, sobretudo no intuito de desvelar as contradições da sociedade que não é, está sendo. Dessa forma, consiste em um dever ético dos educadores, não ocultar o caráter político transformador de sua ação.
Outro fator que merece ser assinalado é a presença da ótica humanizadora na obra de Freire, que se caracteriza como processo ontológico à educação. Ou seja, esta dimensão será sempre indissociável ao trabalho do professor. Não se pode pensar em educação sem tratá-la na perspectiva humanização; saber da condição terrena, perceber o outro em volta. O respeito à diversidade como premissa para a melhor convivência em sociedade. A necessidade de romper com a opressão, mas ao mesmo tempo não se tornar opressor. A humildade, a alegria, o apreço em buscar sempre a dignidade, a crença que a mudança é possível.



FREIRE, Paulo.  Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à  prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
______________ Pedagogia do Oprimido. 17ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Reflexões Sociológicas 5

Bourdieu e a Escola Reprodutora


Os alunos da escola pública estão inseridos em um contexto que as famílias estruturam ideais a serem alcançados na sociedade de classe a partir da escolarização. Um modo arraigado de pensar que relaciona a escola com a possibilidade de ascender socialmente. Mas o que percebemos com Bourdieu, é justamente o contrário, pois a escola atual contribui na verdade para legitimar as desigualdades sociais. O processo funciona assim: A maioria da população está separada do capital cultural necessário para frequentar as aulas e obter sucesso nos estudos.  Ou seja, a possibilidade de acesso aos bens culturais como cinema, teatro, museus, que ajudariam no sucesso escolar está desigual na condição de sua obtenção, ao mesmo tempo em que todos se igualam ao partir do ponto inicial de escolarização.
 O habitus como elemento estruturante, presente nas relações entre escola, grupos sociais, família, demonstra a realidade dos indivíduos, que numa relação entre forças objetivas e subjetivas, tentam traçar um caminho para o futuro. Com a transmissão de uma cultura hegemônica, a escola está no centro de um processo de permanência ou mudança. Ou seja, passar ter uma característica de contradição. De forma que, tanto a escola poderá reproduzir a desigualdade social, o que para Bourdieu acaba ocorrendo, ou poderá conforme sua proposta pedagógica, ter um papel importante no acesso ao conhecimento necessário para imprimir mudança nos status quo, daí uma educação para a transformação social (FREIRE).

 A reprodução social se faz presente, mas é necessário termos uma percepção dessa problemática, para assim enfrentar as desigualdades no sistema educacional. O filme Entre os Muros da Escola (França, 2008,  http://www.youtube.com/watch?v=7s9Kc2ihsyg ) mostra uma dura realidade de estudantes de uma escola pública francesa, com alunos provenientes da periferia, sendo muitos deles imigrantes. Embora o professor se esforçasse para entender a realidade destes sujeitos, a escola situaria como um elemento que promove a violência simbólica ao impor a estes atores um saber cultural oficial, necessário para que os mesmos pudessem se inserir, ou de verdade, se excluir da sociedade francesa.