quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Reflexões Sociológicas 5

Bourdieu e a Escola Reprodutora


Os alunos da escola pública estão inseridos em um contexto que as famílias estruturam ideais a serem alcançados na sociedade de classe a partir da escolarização. Um modo arraigado de pensar que relaciona a escola com a possibilidade de ascender socialmente. Mas o que percebemos com Bourdieu, é justamente o contrário, pois a escola atual contribui na verdade para legitimar as desigualdades sociais. O processo funciona assim: A maioria da população está separada do capital cultural necessário para frequentar as aulas e obter sucesso nos estudos.  Ou seja, a possibilidade de acesso aos bens culturais como cinema, teatro, museus, que ajudariam no sucesso escolar está desigual na condição de sua obtenção, ao mesmo tempo em que todos se igualam ao partir do ponto inicial de escolarização.
 O habitus como elemento estruturante, presente nas relações entre escola, grupos sociais, família, demonstra a realidade dos indivíduos, que numa relação entre forças objetivas e subjetivas, tentam traçar um caminho para o futuro. Com a transmissão de uma cultura hegemônica, a escola está no centro de um processo de permanência ou mudança. Ou seja, passar ter uma característica de contradição. De forma que, tanto a escola poderá reproduzir a desigualdade social, o que para Bourdieu acaba ocorrendo, ou poderá conforme sua proposta pedagógica, ter um papel importante no acesso ao conhecimento necessário para imprimir mudança nos status quo, daí uma educação para a transformação social (FREIRE).

 A reprodução social se faz presente, mas é necessário termos uma percepção dessa problemática, para assim enfrentar as desigualdades no sistema educacional. O filme Entre os Muros da Escola (França, 2008,  http://www.youtube.com/watch?v=7s9Kc2ihsyg ) mostra uma dura realidade de estudantes de uma escola pública francesa, com alunos provenientes da periferia, sendo muitos deles imigrantes. Embora o professor se esforçasse para entender a realidade destes sujeitos, a escola situaria como um elemento que promove a violência simbólica ao impor a estes atores um saber cultural oficial, necessário para que os mesmos pudessem se inserir, ou de verdade, se excluir da sociedade francesa.

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