Bourdieu e a Escola Reprodutora
Os alunos da
escola pública estão inseridos em um contexto que as famílias estruturam ideais
a serem alcançados na sociedade de classe a partir da escolarização. Um modo
arraigado de pensar que relaciona a escola com a possibilidade de ascender
socialmente. Mas o que percebemos com Bourdieu, é justamente o contrário, pois
a escola atual contribui na verdade para legitimar as desigualdades sociais. O
processo funciona assim: A maioria da população está separada do capital
cultural necessário para frequentar as aulas e obter sucesso nos estudos. Ou seja, a possibilidade de acesso aos bens culturais
como cinema, teatro, museus, que ajudariam no sucesso escolar está desigual na
condição de sua obtenção, ao mesmo tempo em que todos se igualam ao partir do ponto
inicial de escolarização.
O habitus como elemento estruturante, presente
nas relações entre escola, grupos sociais, família, demonstra a realidade dos
indivíduos, que numa relação entre forças objetivas e subjetivas, tentam traçar
um caminho para o futuro. Com a transmissão de uma cultura hegemônica, a escola
está no centro de um processo de permanência ou mudança. Ou seja, passar ter
uma característica de contradição. De forma que, tanto a escola poderá
reproduzir a desigualdade social, o que para Bourdieu acaba ocorrendo, ou
poderá conforme sua proposta pedagógica, ter um papel importante no acesso ao
conhecimento necessário para imprimir mudança nos status quo, daí uma educação
para a transformação social (FREIRE).
A reprodução social se faz presente, mas é
necessário termos uma percepção dessa problemática, para assim enfrentar as
desigualdades no sistema educacional. O filme Entre os Muros da Escola (França,
2008, http://www.youtube.com/watch?v=7s9Kc2ihsyg
) mostra uma dura realidade de estudantes de uma escola pública francesa, com
alunos provenientes da periferia, sendo muitos deles imigrantes. Embora o
professor se esforçasse para entender a realidade destes sujeitos, a escola
situaria como um elemento que promove a violência simbólica ao impor a estes
atores um saber cultural oficial, necessário para que os mesmos pudessem se inserir,
ou de verdade, se excluir da sociedade francesa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário