quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Reflexões sociológicas 3

Divisão social do trabalho: visões clássicas
bag_of_money_md_wht.gif (5050 bytes)



O que se observa nas definições de divisão social do trabalho em Émile Durkheim é que o trabalho pode ser fonte de melhorar a civilização humana. A busca pela harmonização dos indivíduos e o desenvolvimento da solidariedade. Há uma forte presença do positivismo na obra de Durkheim. O que nos lembra a famosa frase da bandeira brasileira “ordem e progresso”. Este pensamento possui uma fundamentação conservadora, colocando a sociedade sob forte influência das ciências da natureza.



Karl Marx, em sua perspectiva dialética traz a questão da exploração do trabalho através da alienação, da mais valia,  “da virtuosidade do trabalhador mutilado” que se torna uma ferramenta para a produção capitalista. Sua análise passa pelas diferenças entre a divisão manufatureira e a divisão social do trabalho, quando a primeira numa forma mais hierárquica traz a parcialidade e o total domínio sobre o operário. Já na segunda, a dimensão coletiva da divisão do trabalho, que traz grande competição nas relações de trabalho e um sujeito mais especializado.



No conceito Weberiano está presente a racionalidade do indivíduo na sociedade. A busca pelo lucro através do trabalho. Tudo isso fora da visão cristã tradicional que cerceava as famílias puritanas a acumularem riqueza, pois a considerava um pecado. Há um modo de pensar capitalista no âmbito dos valores religiosos protestantes que contribui para a formação da sociedade moderna, assim diz Weber. O seu estudo traz consigo o discurso dos interesses racionais diante dos coletivos e isso pode levar a reflexão sobre a dificuldades das entidades de classes de desenvolver ações e agregar trabalhadores em torno de ideais trabalhistas.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Reflexões sociológicas 2

Como anda a desigualdade?






Segundo os dados do IBGE, 24% da população brasileira sobrevive com até 1 salário mínimo, 21% de um a dois, 8% de dois a três, todos de 10 anos ou mais, no ano de 2007. E somente 1% da população possui renda superior a 20 salários mínimos.



O que se observa na sociedade brasileira que ainda existem grandes diferenças sociais, mesmo com tantos discursos de governantes e partidos políticos sobre as políticas econômicas e sociais aplicadas nas duas últimas décadas. Há grandes desafios a serem encarados nos próximos anos, para que tenhamos maior distribuição de renda, melhor acesso ao emprego, moradia digna, educação de qualidade, saúde universalizada, políticas de igualdade racial, inserção da mulher e tranquilidade previdenciária aos idosos.



O Brasil vem de um passado colonialista, quando a exploração econômica fez parte da administração desse imenso território. De la pra cá, as políticas imperialistas colocaram uma parte do globo na situação de submissão ao capital econômico, as regras quase sempre desumanas do mercado e a inexistência do estado do bem estar social. As enormes dívidas adquiridas junto aos órgãos internacionais como FMI e Banco Mundial colocaram e colocam muitos países longe de amenizar o fosso social existente. As elites historicamente desfrutaram de benefícios estatais e as camadas mais pobres amargam nas periferias, favelas, cortiços ou até mesmo na rua.



No âmbito das reformas estruturais, pouco se viu no Brasil: reformas agrária e agrícola, salário compatível com as necessidades de subsistência. Tudo isso ignorado pela classe política. O racionalismo de Weber se aplica. O representantes da chamada democracia prefere se aliar aos grandes capitalistas que financiam suas campanhas, manipulando os meios de comunicação, com permissão clara do sistema eleitoral. Será possível o progresso humano? A a medida que o estado está do lado das camadas mais altas da hierarquia social, a tendência será o aumento ainda mais da concentração de renda.



Ser brasileiro requer desafios grandes. A inserção ao mundo do trabalho, a luta por melhores salários e condições de vida. Não se pode estar alienado, pois se torna necessário perceber as mazelas sociais e situações de não-cidadania. Não crendo que a mobilidade social será conquistada com a ampliação do consumo subsidiado pelo crédito. Devemos criar condições para melhoria urgente da educação ou então o sistema estará mais pronto, com todas as suas engrenagens, permitindo a transformação de indivíduos em seres passivos e necessários para a acumulação de riqueza, mas esta, como se sabe, não será partilhada. Cabe neste momento, acreditar que como agentes históricos podemos promover a transformação através da luta pela dignidade humana. Ainda não podemos comemorar a sonhada ascensão social.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Reflexões sociológicas 1

Sociedade e Consumo



A chamada revolução industrial trouxe para a humanidade novas tecnologias para o resolução de problemas cotidianos, mas trouxe também elementos novos para as relações estabelecidas entre as necessidades reais de consumo e a estimulação ao consumismo. A capitalização de lucros em torno da venda de produtos pode significar a aplicação de constantes inovações tecnológicas para que renovem os interesses de consumidores, e cada vez mais, buscam soluções para os problemas advindos com a própria modernidade no mercado de produtos. A configuração social estabelecida  está é a da satisfação do desejo associada a aquisição de mercadorias ou serviços. Como diria o velho Marx, para ser feliz, todos devem ter, comprar, mesmo que isso leve a uma padronização de comportamentos e de atitudes dos indivíduos, que passam de consumidores para consumidos, em uma lógica cada vez mais voraz, permeada por ideologias e situações concretas de dominação.



Neste momento, a indústria, com uma imagem poderosa, quase sobrenatural, transforma os sonhos de clientes em doses de ilusões que acalentam a alma por um curto período de tempo. A cultura, não obstante neste processo, passa a ser comercializada em larga escala. Na música, no teatro, no cinema, na literatura, enfim, em várias modalidades artísticas, os produtores culturais deixam suas premissas de transformação social e passam a arquitetar projetos utilitaristas, consumíveis em um curto prazo. A estética padrão passa a delinear a criação e a criatividade. A produção em série remete o eu ao nós, um coletivo adestrado, vigiado e pronto para trocar os rótulos de seus produtos mediante a uma boa campanha publicitária.



É possível perceber a lógica da propaganda que coloca as nossas necessidades em objetos de consumo criados pela indústria, no curta metragem, A Alma do Négócio, de José Roberto Torero, 1996, que em sua sinopse mostra "um perfeito casal-propaganda leva uma vida feliz e tranqüila até descobrir que seus maravilhosos produtos podem fazer muito mais do que prometem." Este filme traduz de forma crítica os efeitos negativos da padronização consumista ditada pela propaganda. As armadilhas encontradas em uma simples ferramenta doméstica que promete resolver todos os problemas e coloca a rotina das pessoas em uma direção editada e pensada pelo modo de produção capitalista.



"Os deuses devem estar loucos", mas na sociedade do consumo, ou na sociedade consumista, o que está em jogo é o lucro, mesmo que a repetição seja uma norma a ser seguida. Até mesmo a arte, que em uma visão romântica, teria o papel de estimular o conhecimento e não o contrário. A epistemologia da questão de repente seja a reflexão sobre o que de fato é cultura, como ela se manifesta na sociedade e quais os possíveis caminhos para a preservação das singularidades e da autonomia tão necessária para o exercício da razão.