BRASIL: IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO
Em tempos de economia globalizada, a busca por mobilidade social continua sendo um dos fatores preponderantes para que as pessoas partam de seus lugares de origem rumo ao desconhecido. No Brasil, percebemos que os modelos econômicos: colonialista escravocrata, imperialista monopolista contribuíram para os problemas de desigualdade de classes e a consequente baixa perspectiva para os trabalhadores pobres. O efeitos da urbanização, da revolução industrial, da hierarquização social e mais tarde, o neoliberalismo, contribuíram e levaram os brasileiros a se dirigir para países como EUA, Japão, Europa, Paraguai, entre outros destinos.
As sucessivas políticas econômicas ditadas pelos países ricos, seguidas a risca por líderes políticos da América Latina, foram responsáveis por períodos de grande recessão econômica. O Brasil viveu em 1980, a chamada década perdida. Neste período, não houve esperança de crescimento econômico, muito menos de mobilidade social para os trabalhadores, que em muitos casos preferiram migrar em busca de sonhos e melhoria da renda. Os anos se passaram e os arrochos econômicos continuaram, sempre marcados pelo achatamento salarial, juros altos e desemprego latente.
O destino sempre incerto do imigrantes brasileiros no exterior revela o quanto é difícil a aceitação do outro. Inúmeras são as manifestações de preconceitos, como foi o caso do Jean Charles de Menezes, morto por engano no metrô de Londres. A realidade mostra que os brasileiros no exterior ocupam funções de baixo prestígio, com pouco ou nenhum lazer e residem em moradias precárias para economizar com aluguel. Além de enfrentar as dificuldades com a língua, os imigrantes ficam com grandes dívidas financeiras para os chamados agenciadores que negociam a entrada destes cidadãos em outros países. É importante ressaltar o trecho do artigo de Alfredo José Gonçalves* sobre a migração:
"o quadro das migrações se insere no contexto mais amplo da sociedade brasileira e da economia mundial globalizada. O modelo neoliberal adotado pelas elites e pelo governo, subordinando a política e a economia às exigências do capital financeiro nacional e internacional, agrava ainda mais o penoso vaivém de amplos setores da população. Os trabalhadores são impelidos a uma mobilidade freqüente e, ao mesmo tempo, acabam sendo barrados em todo tipo de fronteira. O deslocamento em massa, nos dias atuais, põe a nu uma grande contradição dos chamados países desenvolvidos. De certa maneira, os países ricos abrem a porta dos fundos para a entrada de migrantes ilegais, pois necessitam de mão-de-obra fácil e barata para determinados serviços "sujos e mal pagos". Por outro, fecham-lhes a porta da frente, negando a eles os direitos básicos e o estatuto de trabalhadores, à medida em que os mantêm na clandestinidade. Sem documentos, tornam-se vulneráveis a todo tipo de exploração, discriminação e preconceito." (GONÇALVES, 2001)
A migração se converte numa equação difícil de ser equilibrada pelos governantes, que agem de forma insuficiente para amenizar os conflitos e configurar uma globalização mais humana para todos. O que se vê, ainda com pouca clareza, que o Brasil, no ano 2011, se configura como um país em crescimento econômico, tornando-se uma potência emergente no mundo. Com liderança regional na América latina vem atraindo investimentos e se tornado destino certo de muitos latinos americanos, especialmente bolivianos, que assim como nós brasileiros, sofreram e sofrem com as mazelas sociais advindas da colonização e das políticas econômicas capitalistas. É grande o contingente de imigrantes bolivianos no momento atual, principalmente na cidade de São Paulo.
Assim como em outros países, o tema migração no Brasil é polêmico, como vimos recentemente, denúncias de trabalho escravo na região do Bom Retiro, São Paulo, bairro onde concentra inúmeras fábricas de roupas comandadas, principalmente por outros grupos de imigrantes. É grave a situação e mostra a fragilidade das instituições e a debilidade social que levam indivíduos a se sujeitarem a situações desumanas para a garantia da sobrevivência. Já saiu na imprensa que as crianças estrangeiras tinham que pagar "pedágio" para as crianças brasileiras nas escolas, senão apanhariam. Isto mostra que questão da discriminação, da xenofobia permanece arraigada na população, que como em todos os outros países, lutam, por notoriedade a partir da disputa por melhores ocupações no mercado de trabalho.
É dever do Estado brasileiro buscar defender os interesses dos nossos brasileiros que estão em outros países e que remetem divisas para familiares, permitindo mais desenvolvimento para a nação. Deve estar presente também na agenda governamental propostas importantes para elaboração de documentos e legislações internacionais que tratam do assunto; e que as façam cumprir. Além disso, zelar pela dignidade de estrangeiros que aqui chegam trazendo força de trabalho e seus hábitos culturais, contribuindo para a economia local e cada vez mais o aumento da diversidade em nosso país.
*Alfredo José Gonçalves é padre da Congregação dos Missionários de São Carlos, escalabrinianos, integrante do Serviço Pastoral dos Migrantes e assessor do Setor Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Faz parte do Conselho Consultivo de Travessia – Revista do Migrante.
* Exposição feita pelo autor no Seminário sobre População e Pobreza, promovido pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (Ibrades) de 13 a 16 de agosto de 2001, em Brasília (DF).
Um comentário:
Professor aqui quem fala e a Monalysa do 1d, eu achei esse texto otimo. Eu comcordo que em tempos de economia globalizada, a busca por mobilidade social continua sendo um dos fatores preponderantes para que as pessoas partam de seus lugares de origem rumo ao desconhecidos . Pois hoje em dia as pessoas saem de suas casas sem rumo, com esperanças de encontrar algo que nao sabem o que e desconhecido .
Adorei seu blog.
Beijos . !
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